No outono de 2009 a Editora Impetus publicou a primeira edição do meu livro “Direito Tributário” (então chamado de “Direito Tributário Brasileiro”). Como eu escrevi na apresentação, a obra nasceu, como tantas outras, “de anotações e remissões feitas em preparação de aulas”.
Do ano em que foi lançado até 2013, o livro teve uma razoável aceitação no mercado e me obrigou a produzir quatro edições no total, ao cabo das quais acabei me desinteressando pelo processo de revisão e atualização. Não que eu estivesse achando baixa a procura por ele. Pouquíssimos autores conseguem a façanha de superar a barreira da primeira edição e eu vinha recebendo muitos feedbacks positivos dos leitores. O problema é que àquela altura eu já me encontrava um tanto quanto desmotivado com o trabalho que meu primeiro livro (“Processo Judicial Tributário – Execução Fiscal e Ações Tributárias”) me impunha de edição para edição… O direito brasileiro não é para “amadores”, tampouco para os preguiçosos. Como minhas obras são muito focadas na prática da matéria, as constantes inovações legislativas e jurisprudenciais sempre me obrigaram a uma atividade pesada de revisão e atualização. Gostaria de ter tido um colaborador frequente para esse tipo de tarefa, mas por razões diversas isso nunca foi possível.
Chegou, então, um determinado momento em que estava bem cansado e desinteressado. As constantes palavras de incentivo de meus leitores já não me despertavam mais a antiga empolgação para prosseguir com a obra. É bom que se diga que escrever livro jurídico no Brasil não traz qualquer tipo de satisfação financeira relevante. Há, de fato, uma minoria afortunada – e, por certo, competente – que consegue auferir uma boa renda com seus best sellers. Não é, em absoluto, a regra geral.
Em minha concepção, quem quer que decida escrever um livro jurídico age por razões diversas da mera busca por recompensa financeira direta. Satisfação pessoal, ganhar nome e reconhecimento na área em que atua, ser convidado para eventos …são esses os objetivos que considero viáveis e que podem ser mais facilmente alcançados com a publicação de um livro, caso ele tenha um sucesso relativo.
Mas no meu caso, ainda que não possa descartar tais alvos, a vontade era mesmo a de registrar de forma concatenada e indelével todas as lições que transmitia aos meus alunos e que estavam se perdendo em todos os arquivos físicos e digitais que mantinha. Obriguei-me a escrever o livro porque sabia que sem esse compromisso não iria me estimular a parar para organizar todos os meus escritos e registros relacionados ao direito tributário.
Posso dizer que esse objetivo foi atingido. Até hoje ele é meu livro “de cabeceira”, estando sempre ao meu lado na mesa de trabalho.
Sempre que preciso rememorar algum conceito é a ele que volto e não raro dele extraio grandes trechos para uso em decisões. Quase toda a minha convicção em matéria tributária está ali. Por tudo o que ele me proporcionou (e ainda me proporciona), considero a iniciativa de escrevê-lo – e a correspondente execução da tarefa – um sucesso pessoal.
Recentemente, entretanto, tenho me achado um pouco egoísta de conservá-lo assim, apenas como uma fonte privada de consulta. Muita gente poderia estar fazendo um bom uso dele, se estivesse atualizado e, de alguma maneira, disponível para consulta. Além disso, preciso de um pretexto para me obrigar a revisá-lo, sob pena de ficar empurrando o início da tarefa “para o mês seguinte”, como venho fazendo há algum tempo.
Não tenho mais contrato com editora e não acho que publicá-lo pelo modo tradicional seja o caminho a ser trilhado. Minha expectativa de ganho financeiro com ele é zero, mas tenho muita saudade da época em que era procurado por gente que o tinha utilizado com sucesso na vida profissional, na preparação para concurso público, no estudo em faculdade, para me congratular e agradecer. Lembrei da grande realização, da satisfação íntima, do verdadeiro orgulho que sentia com essa resposta positiva dos leitores (imagino que devia haver também respostas negativas, mas essas, por sorte, não eram trazidas a mim…).
Fiquei matutando, então, qual seria a maneira adequada de me empenhar no processo de revisão e atualização do livro e acabei concluindo que deveria oferecê-lo gratuitamente, para atingir o maior número possível de leitores. Além disso, deveria expressar publicamente essa minha decisão, para criar uma expectativa da parte de quem se interessasse pela obra e uma obrigação minha de não deixar tais pessoas no vácuo.
Aí está, então, a decisão: o livro terá o seu conteúdo integral oferecido de graça na internet. Decidi ir além: começo hoje a rever o texto e ao término da atualização de cada capítulo, vou postá-lo na íntegra aqui no blog. Ao final do processo, portanto, o livro inteiro estará postado neste espaço; assim, poderei também receber a resposta imediata do leitor, no espaço para comentários.
Você que me lê poderá ser avisado cada vez que uma nova postagem for feita. Para tanto, só precisa se inscrever gratuitamente no menu lateral (ou superior, se estiver em smartphone), digitando o email para ser devidamente notificado. Outra opção é esperar um tempo e retornar quando os trabalhos já estiverem adiantados.
Enfim, depois de muito tempo atracado, o navio está zarpando. Estou feliz de tê-lo(a) a bordo. 🙂
Dr. Mauro, parabéns pela obra e, agora, pela iniciativa. Acompanharei as atualizações com certeza! Grande abraço
Que bom, Marcio. Vamos juntos!
Você feliz por o navio está zarpando e nos concurseiros ansiosos com a chegada da embarcação. Obrigada Professor por compartilhar sua experiência e sabedoria conosco.
Abraço,
Elizangela Lima
Eu que agradeço pelo apoio, Elizangela.
Professor, muito honrado de fazer parte dessa tripulação. Sua atitude é admirável e é um modo ainda mais efetivo de eternizar suas anotações. Obrigado!
Leonardo, fiquei feliz com o seu embarque. Grande abraço.
É um privilégio fazer parte da tripulação. Muito obrigada!
Eu que agradeço!
Parabéns professor pela excelência do ensino ministrado e pela iniciativa de ajudar aos alunos ávidos por conhecimento!
Assinei o Masterjuris sem conhecer as tuas aulas e, de pronto, fiquei impressionado com a profundidade do conteúdo e a didática das exposições. São as melhores aulas a que já assisti.
Obrigado, Patrick. Fiquei feliz com o reconhecimento. A ideia é essa: ajudar. Sucesso!